Quem sou Eu?
Algumas pessoas estranham, algumas gostam, os amigos se habituaram e outras simplesmente adoram e se sentem aconchegados na minha casa. O meu gosto tende para ambientes temáticos, de época, escurecidos. Meia luz, luz de velas, aconchego, chamego, magia.
O visual maximalista de minha casa e este meu gosto contam muito sobre mim: as camadas formadas por cores escuras, texturas, móveis garimpados e outros temáticos, obras de arte (minhas) e mais texturas, objetos peculiares e toda a sorte de elementos interessantes acumulados de viagens e experiências turísticas.
Menos é mais – pode – e deve – ser descartado. Coleciono lembranças.
Sou uma pessoa mística, uma mulher vivida, mãe e avó, artista, alguém que acaba de resgatar sua essência e sua criança interior. E foi a melhor coisa que os anos puderam me dar: esse alinhamento interno, essa quase coragem de se expor, a busca constante por ser inteira.
Eu não sigo moda! Mas eu seguia, há muito tempo, quando comecei a me sentir adulta, ou seja, na adolescência.
Foi, entretanto uma fase muito rápida pois percebi que nem tudo que era moda me agradava. Algumas roupas, algumas músicas, bebidas, enfim, eu comecei a perceber que certas tendências me inspiravam e outras, não.
Fui, assim, arrebatada pelo universo hippie da vestimenta e decoração. Aprendi a fazer roupas, túnicas, usava vestidos longos e bordados por mim, bolsas tiracolos de lona, igualmente bordadas ou pintadas, flores, ah muitas flores!
E fui altamente criticada pela família.
Eu tinha um comportamento bem leve e alegre perante a vida, me exercitava, fazia dança, jazz e ballet. Era super boa aluna, pois gostava de estudar. Tocava violão, fingia uma música e outra no piano, adorava um atabaque. Bordava, fazia crochê e pintava. Sim, eu pinto desde criança.
Indiferente à minha essência fui apontada como blasé (indiferente e apática) e lembro que isto me magoou muito. Eu quase não bebia, fumava Minister (os mais velhos vão lembrar) e gostava de dançar. Trabalhava quando dava e estudava muito. Namorava pouco e tinha um círculo de amigos incríveis. Gostava de viajar e o fazia, igualmente quando dava (tempo e dinheiro).
Cresci um pouco, resolvi fazer uma segunda faculdade, desta vez privilegiando o desenho, resolvi ter filhos e me casar (nessa ordem mesmo) e percebi que, na realidade, nunca segui padrões. Nunca segui moda e sempre fiz a minha estrada.
Foi pouco o tempo em que me preocupava om os olhares alheios, familiares ou não, mas não era uma revoltada. Encarava tudo sempre com bom humor, respondia está bem e seguia meu caminho.
Até hoje meus familiares dizem que quando eu respondo – ESTÁ BEM- muitas vezes quer dizer que vou fazer o que quero.
Amo o campo, as cachoeiras, o silêncio, o vento, a chuva, os sons da natureza, mas também amo dançar, conversar, rir, pintar… e de um bom lambrusco. Um bom vinho, um bom livro e um espaço só meu. Egoísmo? Não sei, as vezes é bom ter um cantinho para chamar de seu. Tenho sonhos, inspirações, crenças e por pouco, como uma criança, acredito nas pessoas e na Vida.
Sonho em ter um estúdio bem aconchegante, cheio de plantas e cantos, lembranças e música, telas, tintas e pincéis. Enquanto não chega, divido um espaço esotérico e um pouco bagunçado com minha neta. Algumas fotos que já tive a cara dura de postar, mostram meu cavalete, tintas, panelinhas e bonecas. É um colorido só!
E eu adoro cores, cheiros e flores, adoro o rústico e o boho, o hippie e o cottage, adoro o quindim e o brigadeiro, meus lençóis de algodão, um mar calmo, adoro um céu azul! Adoro pintar e se bobear, estou pincelando todas as paredes que vejo na frente; tenho, em igual teor, um problema com tesouras e cabelo…já deixei meu cabeleireiro louco para acertar o corte que eu tinha feito, enfim…
Isso tem sido bom? Acho que sim. Eu faço minha moda. Me visto como gosto, minha casa tem minha cara, meu cheiro e minha energia. Minhas filhas são independentes e fortes. Meus netos estão na linha de largada.
Gosto de coisas rústicas, étnicas e ancestrais, de meia luz, de florestas, de animais, da pegada mística (gosto muito), dos mistérios do universo e principalmente de música, dança e pintura. A alquimia das tintas e a suavidade de pinceladas me elevam o espírito e acalmam minha mente. Resgatei em 2000 a pintura em tela e não parei mais.
Fiz o que tinha que ser feito, dei aulas, ensinei muito e isso me trouxe um conhecimento muito grande de como entender pessoas e de como é gratificante ver que, de alguma forma, eu consegui inspirar alguém. Meus alunos destes anos todos são meus amigos e agora estou fazendo mais.
No meu ritmo, na minha dança, com meu cheiro eu crio minha moda e sou feliz!
Sou isso para você e para mim.
Uma artista!